Os confrontos no Rio de Janeiro, sejam eles entre criminosos de facções rivais ou entre policiais e grupos armados assustam há muito tempo os moradores, que muitas vezes ficam impedidos de realizar suas atividades. Ir para a escola ou sair para trabalhar em dia de conflito é um risco.
Nesses últimos meses, a violência, principalmente em áreas da Zona Norte como o Complexo do Alemão e em bairros como Costa Barros, Guadalupe e Barros Filho têm sido bastante noticiados nos sites e jornais. A insegurança interfere também nos resultados do projeto Aluno Presente. Quando há troca de tiros ou operação policial, o trabalho, que depende basicamente da circulação, da conversa com as famílias e com as lideranças locais, fica bem mais difícil. Em alguns casos, as equipes precisam replanejar a rotina de trabalho.
Veja, por exemplo, a matéria do site G1:
Polícia Civil faz operação no Morro da Pedreira, Zona Norte do Rio
Para garantir um bom trabalho e em segurança, é preciso adotar algumas estratégias, como por exemplo, ouvir as notícias pelo rádio ou pela TV antes de iniciar o trabalho ou buscar estabelecer um bom relacionamento com os parceiros locais e com moradores de referência na comunidade para saber antecipadamente se o clima está tenso no território ou não. Essas são ações que podem ser úteis no dia a dia dos articuladores locais. A Professora Doutora Miriam Krenzinger Guindani foi convidada para conversar com a equipe do Aluno Presente na Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ sobre segurança pública.
Segundo Miriam, professora da Escola de Serviço Social da UFRJ, trabalhar em territórios onde há conflitos armados em busca de crianças e adolescentes fora da escola exige um olhar múltiplo sobre a violência, para que não se reproduza a criminalização imposta ao jovem morador dessa localidade. Vários exemplos de violência institucional foram lembrados, inclusive aqueles que acontecem dentro da própria escola.
Dialogar com o jovem, desenvolver um olhar e um saber qualificado para lidar com as questões que afastam as famílias da escola são papéis fundamentais do profissional que atua com essa realidade para reduzir os danos aparentemente invisíveis causados pela violência, afirmou a professora.