Crianças fora da escola: Governos precisam investir mais em educação

Ainda há muito o que fazer para que todas as crianças e adolescentes tenham o acesso à educação.

Estudo realizado pela UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura) em conjunto com o UNICEF (Fundo das Nações Unidas para a Infância) apontou que existem 121 milhões de crianças e adolescentes de 6 a 15 anos de idade fora da escola no mundo (58 milhões de 6 a 11 anos e 63 milhões de 12 a 15 anos). O relatório intitulado “Reparação da promessa quebrada de Educação para Todos: resultados da Iniciativa Global Crianças Fora da Escola”, lançado em Londres no mês de janeiro diz que um dos  8 objetivos do milênio*, o segundo, que pretendia garantir o acesso à educação de qualidade em 2015 para todas as crianças, não será atingido.

A pobreza, o trabalho infantil, os conflitos armados que obrigam as famílias a fugirem dos territórios e, em alguns casos , a cultura, que faz com que meninas abandonem os estudos para se casarem ainda na infância, são os principais motivos apontados para que esses milhões de seres humanos estejam fora da escola.

No Brasil, apesar da grande maioria das crianças e adolescentes frequentarem a sala de aula, os últimos dados do Censo Demográfico IBGE 2010, mostram que ainda há mais de 966 mil jovens entre 6 e 14 anos fora da escola, a maioria negra e residente na região Nordeste. A UNESCO e o UNICEF acreditam que além de investir mais e melhor em educação, os governos precisam de informações detalhadas sobre essas crianças para que se tome uma atitude que possa reverter esse quadro.

Aluno Presente_Porta do Céu__Junho 2014_Foto de AF Rodrigues_30O Projeto Aluno Presente existe desde 2013, e tem a missão de contribuir para que todos tenham o seu direito à educação básica garantido. A meta é incluir até 2016, 21 mil crianças e adolescentes de 6 a 14 anos em espaços sociopedagógicos na cidade do Rio de Janeiro. “Para alcançar esse objetivo, utilizamos diversas estratégias como busca-ativa, divulgação e visitas domiciliares nos territórios, parceria com instituições locais e articulação com outros órgãos municipais. Tais ações visam mostrar aos órgãos públicos quais são os motivos que afastam a criança ou o adolescente da escola, já que alguns desses meninos e meninas nunca apareceram em um banco de dados pelo fato de não terem frequentado unidades escolares” diz Andreia Martins, coordenadora executiva do Aluno Presente.

“Nossa metodologia será sistematizada para que no futuro possa ser replicada em outras regiões e até em outros países”, explica a coordenadora.

O relatório Brasil da Iniciativa Global Out of School Children (Pelas Crianças Fora da Escola) faz algumas recomendações para que o país garanta a todos o direito de aprender, entre elas está o fortalecimento da intersetorialidade entre os vários órgãos governamentais, o combate à pobreza por meio de uma educação integral e, principalmente, a mobilização das famílias, organizações sociais e empresariais para erradicar o trabalho infantil, um dos principais motivos para a evasão escolar.


 

* Em 2000, a ONU – Organização das Nações Unidas, ao analisar os maiores problemas mundiais, estabeleceu 8 Objetivos do Milênio – ODM, que no Brasil são chamados de 8 Jeitos de Mudar o Mundo – que devem ser atingidos por todos os países até 2015.